Uma batalha verbal entre um homem e uma mulher. Eles não estão em uma ilha. Eles não estão realmente em lugar algum. Eles estão em uma paisagem em branco construindo universos com suas palavras. A mulher cria uma ilha e isto torna-se a metáfora central para o estado emocional do relacionamento deles. O casal então luta pelo domínio dessa ilha.
 
     
     
 
Dramaturgia Philip Ridley
Tradução Gustavo Lorenzo
Direção Paulo Barros
Elenco Guenia Lemos & Gustavo Lorenzo
Assessoria/Consultoria Artística Rodolfo Garcia Vásquez
Produção Rozana Santos
Direção de Movimento Carmen Jorge
Cenografia André Largura & Giovana Kimak
Iluminação Nadia Moroz Luciani
Design Gráfico & Vídeo Milcho Pipin
Ilustrações Vídeo André Largura
Sonoplastia Paulo Barros
Fotos Marco Novack & Milcho Pipin
Realização Gustavo Lorenzo Produções
   
SUAVE NAPALM estreou no Espaço Indra, Curitiba, em 2012.
 
     
     
 
 
         
           
 
Vídeo Teaser da temporada de 2014.
 
         
           
 
Fringe do FTC 23 Festival de Teatro de Curitiba, 2014, Espaço Indra.
 
           
           
 
BLOG CENA CURITIBANA
Suave Napalm: montagem impactante do texto caleidoscópico do dramaturgo inglês Philip Ridley
fFernando Henrique de Oliveira
 

Um tsunami coloca dois jovens isolados em uma ilha. Diante deles, somente o outro e um universo que se desdobra em imagens impressionantes, fantásticas. Entre eles, o desejo – e um desejo que se materializa poeticamente em imagens perturbadoras como balas de revolver suavemente lançada por entre os lábios e uma granada que entope o sexo e explode – e uma disputa.

Aos poucos, o dissabor que se instaura nesta zona de conflito envolve, também, a plateia e, depois, dissipa-se. O rapaz sai para enfrentar uma terrível, enorme serpente que ameaça a ilha enquanto ela o assiste. Depois, ela relembra os preparativos para uma grande festa que marcou sua adolescência. Depois, o desejo volta a se instaurar entre eles. Depois, surge um unicórnio e assim, sucessivamente, vão se repetindo, como que em um caleidoscópio, imagens, memórias, aspirações, culpas e desejos na voz de dois jovens aprisionados em um cenário idílico, lançados ali depois de um cataclismo inicial. No caso, um trauma que vai se descortinando lentamente, revelando o drama de um casal em um momento extremo de suas vidas, aquele em que o amor acaba e a vida a dois se torna uma disputa pela sobrevivência.

É deste lugar insólito, no qual o amor, inevitavelmente, pode aprisionar duas pessoas, que surge Suave Napalm, peça do polêmico escritor e dramaturgo inglês Philip Ridley que ganhou versão nacional pelas mãos do ator e produtor Gustavo Lorenzo. Impactante, a montagem, dirigida pelo cineasta paulista Paulo Barros, economiza nos efeitos de luz e som e se concentra na atuação dos seus dois atores (Lorenzo e Guenia Lemos), que se movimentam, constantemente, no palco transversal enquanto dão vida às histórias, fantasias e desejos dos dois personagens.

Um dos méritos no texto é a sugestão. Não há nada, visualmente, gráfico na peça. Ela se constrói por meio da linguagem, verbal ou corporal, e adquire contornos, ora explosivo e castrador, ora suave e, até mesmo, engraçado, conforme se desenrola o embate entre o casal. Por vezes, o texto acaba se tornando lento e cansativo; por vezes, a carga explosiva em cena perde forças; por vezes, o desejo não se evidencia tão sensual quanto poderia. Porém, isso não compromete o espetáculo que, no fim das contas, é cativante e intenso. Incendiário mesmo, em referência ao próprio napalm, substância usada nos lança-chamas. Em muitos sentidos.