Um mundo apocalíptico tomado por zumbis. A história se passa dentro de um bar chamado BRA que previamente havia sido uma indústria equipada com uma fornalha. Camadas de poeira cobrem todo o entorno.
 
     
     
 
Dramaturgia Paulo Biscaia Filho
Direção Paulo Biscaia Filho
Elenco Andrew Knoll, Carolina Fauquemont & Michelle Rodrigues,
Zumbis Murilo Cesca, Diego Davoli, Grazi Meyer, Suellen Alves, Hortênsia Labiak,
  Thiciana Hayasi Pinto, Ales de Lara, Cinara Vitor, Patti Veiga,
  Eloise Nardelli, Samanta Lobato, Anita Gallardo, Luciana Guedes,
  Alexandre Druczkowski Jr., Rodrigo Nossaki, Marcino Hayek,
  Eduardo Augusto Vieira Walger, Evandro Santiago & Marcus Vinícius
Direção de Produção Marco Novack
Preparação Corporal Daniel Bakken
Assistência de Direção Angela Stadler
Sonoplastia Paulo Biscaia Filho e Marco Novack
Música Original Rosie Mankato
Iluminação Wagner Corrêa
Operação de Luz Cristopher Gegembauer
Figurino Paulo Vinícius
Design Gráfico Marja Calafange e Cristopher Gegembauer
Cenário Guenia Lemos
Cenotécnico Magnus Pereira Lobo
Adereços Michelle Rodrigues
Fotos Marco Novack
Maquiagem Andréa Trsitão
Vídeos Paulo Biscaia Filho
Operação de Vídeos Angela Stadler
Realização Vigor Mortis
   
MARLON BRANDO, WHISKEY, ZUMBIS & OUTROS APOCALIPSES estreou na Sociedade Vasco da Gama, Curitiba, em 2013. Fez temporadas adicionais no Teatro José Maria Santos e Teatro Guairinha, Curitiba, em 2014.
 
 
         
           
 
TROFÉU GRALHA AZUL, 2014 (35 Edição)
Prêmio de Melhor Cenografia para Guenia Lemos
 
           
           
 
GAZETA DO POVO
Sangue, zumbis e metáforas
Helena Carnieri
 

A nova produção da cultuada companhia curitibana Vigor Mortis, Marlon Brando, Whiskey, Zumbis e Outros Apocalipses, tira bom proveito do espaço alternativo escolhido: o barracão da Sociedade Vasco da Gama, onde o grupo simula um bar abandonado, com cenário surpreendente de Guenia Lemos. Aos primeiros acordes da trilha roqueira a cargo do diretor Paulo Biscaia Filho, dezenas de orifícios nas paredes projetam feixes de luz multidirecionais que preenchem o local e fazem uma típica abertura “vigoriana”, repleta de elementos multimídia.

Os três protagonistas, Boris (Andrew Knoll), Bella (Michelle Rodrigues) e Elsa (Carolina Fauquemont) contracenam tanto com imagens projetadas – outra marca da trupe – quanto com zumbis, bem caracterizados pelo figurinista Paulo Vinícius e cujos movimentos foram treinados por um especialista em artes marciais, o norte-americano Daniel Bakken.

Na história, após os personagens perceberem ser os únicos humanos vivos no mundo, dão uma pausa na luta pela sobrevivência (o combate contra os zumbis sempre acaba com a eliminação do morto-vivo, mas dá trabalho) e passam a fazer a matemática de suas diferenças. Aqui o texto de Biscaia brinda o espectador com boas tiradas: o intelectual vaidoso, que “só não terminou o doutorado porque o mundo acabou”, confronta-se com a praticidade da skatista de bairro, que não dá a mínima por ter aplacado a fome com um dos últimos micos-leões-dourados do planeta.

A presença das artes em citações irônicas, tanto sobre obras de arte anteriores quanto sobre sua filosofia é farta, permitindo várias leituras sobre o que zumbis, fim de mundo e relacionamentos querem dizer naquele contexto.

Quanto à atuação, essa é uma peça de muito movimento pelo palco, com direito a vários “modais” de transporte e coreografia de combate. Em meio a esse delicado agito, é bom observar o amadurecimento da atriz Michelle Rodrigues desde sua participação em Satyricon Delírio, em 2012. Andrew Knoll (ator do curta-metragem A Fábrica, que, no ano passado, alcançou as semifinais do Oscar) acrescenta neste trabalho sutilezas cômicas ao tom canastrão proposital e típico das peças da companhia.

Entre os motivos para comemorar, está a marca de assinatura da Vigor que se faz ver em mais um espetáculo.